quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

2.4 Marketing em unidades de informação

Saudações Biblioteconômicas!!

Hoje vou postar mais uma parte do meu TCC sobre marketing.

2.4 Marketing em Unidades de Informação


         As bibliotecas surgiram nos primórdios da história e eram vistas como espaços de preservação do conhecimento e de reunião do acervo, tendo como preocupação principal manter a memória e a história dos povos. Eram constituídas, em princípio, por minerais escritos em tabletes de argila e, depois, por papiros e pergaminhos feitos de vegetais e animais. Com a descoberta do papel pelos árabes, surgiram bibliotecas que compuseram seu acervo a partir deste suporte que, posteriormente, foi transformado em livro.
         A primeira biblioteca que se tem notícias, surgiu em 332 a.C. e foi fundada por Alexandre, O Grande, na cidade de Alexandria. Nos primeiros três séculos, a biblioteca chegou a possuir cerca de 700 mil textos que, posteriormente, foram perdidos no incêndio acidental, em 48 a.C.. Por sete séculos, aproximadamente, entre os anos de 280 a.C. a 416, a biblioteca de Alexandria reuniu o maior acervo de ciência e cultura da Antigüidade, sendo fonte de pesquisa para homens de letras e ciências. Seus pergaminhos eram muito bem organizados e classificados por assunto, tendo obras de Platão, Aristóteles, Homero, Euclides, entre outros grandes pensadores e filósofos. O posto de bibliotecário-chefe era muito almejado e prestigiado e Demétrio de Faléreo foi seu primeiro ocupante.
         Inicialmente, as bibliotecas reservaram suas informações somente aos mais abastados tanto de conhecimento quanto de riquezas, e com receio de perderem o domínio sobre o conhecimento que possuíam, elas mantinham seus livros acorrentados às estantes para que não fossem emprestados ou levados.
         Esta prática permaneceu até o século XVI, quando a biblioteca começou a sofrer alterações, deixando de ser de cunho particular para se abrir a todos, tendo caráter civil e legal, o que antecipou o início da democratização da informação para as demais classes sociais e veio ocorrer no século XVIII. Nota-se, então, que com o passar do tempo, a biblioteca foi adaptando e modificando seu conceito, passando de repositório do conhecimento de uma cultura ou civilização para o conceito de centro de referência ou centro cultural, conceito este que chegou com o surgimento das bibliotecas dos países anglo saxões no século XIX. Nesta nova tendência, o objetivo era facilitar e contribuir para o desenvolvimento e a formação cultural, pessoal e profissional dos indivíduos. Sobre este aspecto,  Silva (2000?) comenta que as bibliotecas deixaram de ser só memórias do passado e arquivos da sabedoria para serem instituições educativas.
         Com a quantidade de informação aumentando cada vez mais, o volume de dados para se chegar à informação não coube mais na memória individual, ou seja, na memória do bibliotecário, passando a ser indicada através de fichas. Com a Revolução Industrial e a explosão do conhecimento, os dados para este acesso foram transferidos para os computadores, gerando uma memória eletrônica, a partir da metade do século XX.
         Após este breve histórico das bibliotecas e antes de dissertar sobre o marketing em unidades de informação, é necessário estabelecer a definição do que se entende por essas instituições.
         De uma forma bem popular, o dicionário Aurélio define biblioteca como:


Coleção pública ou privada de livros ou documentos congêneres, organizada para estudos, leitura e consulta. Edifício, ou recinto, ou local onde se instala essa coleção. Estante ou outro móvel onde se guardam, ordenam ou arquivam livros, fitas magnéticas, etc. coleção ordenada de modelos, rotinas, programas ou dados, para reutilização. Conjunto organizado de informações a fim, armazenado com o objetivo de consulta ou utilização posterior. (FERREIRA, 1999, p. 295).


         Para Lucas (2000?), biblioteca é a coleção pública ou privada de livros e documentos organizada para realizar estudo, leitura e consulta.
         Já Silva (2000?) conceitua biblioteca como uma agência social criada para atender às necessidades da instituição à qual pertence e serve como um repositório e um meio de difusão das experiências culturais desenvolvidas. Sendo assim, Lucas (2000?) e Ferreira (1999) concordam ao definir biblioteca como uma coleção pública ou privada de livros ou documentos, já Silva (2000?) faz uma definição mais completa do que vem a ser biblioteca, quando a caracteriza como uma agência social voltada para atender as necessidades da instituição ao qual está ligada. Nota-se então que Silva (2000?) já introduz um conceito de biblioteca mais voltado para a prestação de serviços, deixando de lado a velha idéia de biblioteca como um simples repositório de livros.
         Com a grande quantidade de publicações geradas, especialmente, após a Revolução Industrial e decorrente do avanço tecnológico, muitas instituições passaram a ter suas próprias bibliotecas ou salas contendo documentos referentes à instituição ou a informações pertinentes ou de interesse daquela empresa.
A denominação “biblioteca” passa a ser considerada então, como uma idéia muito específica, necessitando a utilização de um termo mais abrangente que o conceito limitado de lugar, cuja função é guardar livros e informações. Com as mudanças da era tecnológica e com a diferente visão sobre as bibliotecas começa a ser utilizada então, a expressão mais ampla “unidades de Informação”, considerada por Amaral (1996) como toda a biblioteca, todo centro de informação ou serviço, todo setor de documentação ou informação de acordo com o campo em que atua ou conforme sua extensão. Neste trabalho, portanto se dará preferência à expressão unidades de informação,tendo em vista que este é um termo mais próximo à Ciência da Informação.
         Com a aproximação das bibliotecas com o marketing e em um contexto de transformações culturais e intelectuais surgiu, no Brasil, em 1977, o trabalho pioneiro da bibliotecária Maria do Rocio Teixeira Jung, com o título “As técnicas de marketing a serviço da biblioteconomia” abordando o marketing em unidades de informação e identificando, dentro do panorama biblioteconômico, os setores que poderiam ser tratados através do marketing. Este trabalho foi apresentado no 9° Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação e na 5ª Jornada Sul-Rio-Grandense de Biblioteconomia e Documentação em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
No início da década de 80, a produção sobre marketing em unidades de informação intensificou-se e esta valorização do marketing pôde ser percebida em outras ações. Em 1982, a Associação Brasileira de Ensino de Biblioteconomia e Documentação (ABEBD) passou a recomendar o ensino de marketing em nível de graduação. Já em 1985, o Centro de Informação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (CCI/IBICT), sentindo o crescente interesse pelo assunto, publicou o primeiro levantamento bibliográfico sobre o marketing em bibliotecas e sistemas de informação, contendo resumos sobre o tema.
         Percebe-se, por estes acontecimentos, que a preocupação em introduzir e implementar o marketing no currículo acadêmico e nas unidades de informação, visando a melhoria da qualidade na prestação de serviços vem, aos poucos, ganhando espaços e se estabelecendo como tópico de constante análise e abordagem entre os profissionais da área. Os novos espaços também começam a ser ocupados com a preocupação com o marketing de relacionamento, aspecto visível quando se observa um número crescente de publicações que, especialmente a partir do início desta década, começam a ser encontradas na literatura específica da área de Ciência da Informação.
Estes trabalhos alertam para o fato de que para desenvolver um bom marketing de relacionamento e com excelente qualidade na prestação de serviços, as bibliotecas não devem ficar isoladas em seu universo particular. Elas têm que se relacionar com usuários internos e externos, com unidades de informação e com outros profissionais da área, pois desta forma haverá intercâmbio de informações e um conhecimento maior e mais abrangente com relação às mudanças e às novidades dentro da Ciência da Informação. Oliveira (2003?) afirma que esse relacionamento deve acontecer através de cooperação e do compartilhamento, já que a utilização da informação e o usuário são peças essenciais para que este processo ocorra.
O marketing de relacionamento, quando bem aplicado às unidades de informação, valoriza tudo e todos, ou seja, valoriza os funcionários que nela trabalham, valoriza o bibliotecário como facilitador e mediador no intercâmbio da informação e valoriza a própria instituição como lugar agradável, com serviços e produtos de qualidade reconhecida, no qual o usuário sabe que é ouvido e se sente como se fizesse parte da organização. Amaral (1996, p. 3) atesta este fato ao dizer:


A adoção do marketing em unidades de informação é vista como uma forma de valorizar o profissional da informação, melhorando a sua imagem mediante o uso aprimorado de técnicas para fazer trocas adequadas, quebrando as barreiras na comunicação entre as unidades de informação e seus usuários para melhor satisfazer as necessidades informacionais desses usuários.



         Além de valorizar o profissional e a unidade de informação, o marketing também gera outras vantagens como a criação, o desenvolvimento, a promoção e a distribuição de produtos e serviços informacionais voltados unicamente para os usuários. Dessa forma, tendo o usuário como foco efetivo, a unidade de informação se volta para a busca de seus serviços, já que serão produzidos visando atender aos desejos e necessidades do usuário em questão.


Por hoje era isso, até semana que vem.


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