terça-feira, 15 de abril de 2014

BIBLIOTECÁRIO DETETIVE (SOFRE)

Saudações Biblioteconômicas!!

Após quase um mês afastada, volto para relatar os seguintes casos:

Ontem eu e a estagiária procurávamos por dois livros que estavam “realmente” difíceis de achar.
Quando procurei na “Base de Dados Perfeita” da nossa biblioteca o livro S.A. Técnicas de elaboração de estatutos, de NEPOMUCENO, F. O resultado foi o seguinte:

Técnicas de elaboração de estudos
47.725(060.13)
N441t

Esta classificação foi feita pela bibliotecária anterior e, apesar de eu estar reorganizando toda a biblioteca, pois ninguém, nem mesmo eu conseguia encontrar algum livro ali, estranhei o fato do número ser 47. 725, pois tirando a parte do direito, eu não lembrava de nenhum assunto que começasse por 47. Tentei analisar o título, para ver se encontrava alguma pista. Afinal, “Técnicas de elaboração de estudos” me fazia pensar que o livro estaria na Metodologia Científica, apesar de eu estranhar o fato do autor NEPOMUCENO escrever sobre esse assunto.
Fomos eu e a estagiária ao assunto e, para nosso desânimo não havia nenhum livro com aquelas informações. Voltamos à estaca zero...
Só depois de procurar muito é que me ocorreu a ideia que, de repente, o número não era aquele. Sei que 347.725 significa sociedades anônimas e aquele era o único número semelhante ao que havia na base. E não foi que achamos o livro? Alguém na hora de digitar os dados esqueceu de colocar o 3 na frente e, como se isso já não bastasse a pessoa não digitou S.A. na frente da palavra Técnicas e trocou a palavra ESTATUTOS por ESTUDOS. Assim, qualquer um acha o livro fácil não é? Muito fácil.
A segunda situação foi o “livro” Perícia contábil com enfoque em falência ou concordata, de Cristiane Pereira, com a classificação:
657.6
P434c
Procuramos o dito livro como loucas e simplesmente não encontramos! Aquilo estava ficando ridículo, Bibliotecárias não encontrarem os livros de sua própria Biblioteca? Era o cúmulo. Foi então que a estagiária teve a ideia de procurar o livro nas monografias, pois o tipo de título não encaixava muito bem com um livro.
Pois bem, começamos a procurar nas monografias, teses e dissertações e não é que encontramos a obra?
Quando a pessoa classificou a monografia, poderia ter posto ao menos um M na frente da CDU para indicar na base onde é que as pessoas encontrariam a tal perícia contábil, mas não, classificou como se fosse um livro comum e ainda por cima errou o Cutter. Me digam no título onde é que tem uma palavra que começa com C, se o título é Perícia contábil? Felizmente achamos o que procurávamos, mas na base da dedução.
E hoje, para ilustrar o meu dia, a coordenadora da comissão de estudos me pede o seguinte livro: Manual do terceiro setor. Certo, sem problemas. Como eu não estou na minha sala para procurar na base, pois estou cobrindo o posto de alguém que não o meu,  minha busca se torna complicada, mas uma Bibliotecária não desiste nunca, então me dirigi o lugar do Terceiro setor. Olhando título por título não haveria como não encontrar o livro. E realmente não foi difícil encontrar o livro com as seguintes informações: OLIVEIRA, Aristeu de, ROMÃO, Valdo. Manual do terceiro setor e instituições religiosas: trabalhista, previdenciária, contábil e fiscal. 3.ed. Etc, etc..
Achei estranho a comissão pedir este livro, apesar de ser a comissão do terceiro setor, mas aquele manual não tinha nada a ver. Como sou teimosa, fui rápido até minha sala e abri a base de dados antes que chegasse alguém no andar de baixo (onde eu cobria o horário do outro funcionário). Ao realizar a busca confirmei que realmente havia apenas 2 livros com esse título e, casualmente eram os mesmos apenas com edições diferentes. Mesmo achando estranha a solicitação, levei o livro até a comissão.
Chegando lá, o pessoal disse que aquele não era o livro e eu estranhei pois só tinha 2 livros com aquele título!
Então eles passaram a seguinte informação: “é um livro fininho, verdinho feito pela comissão”. Busquei as informações comparando com os livros da estante e concluí que as informações não estavam 100%.
Voltei à estante e comecei a olhar um por um os livros. Foi então que eu localizei 3 livros verdes fininhos. Peguei um exemplar e o título era: Terceiro setor: guia de orientação para o profissional da contabilidade. Apesar da comissão pertencer à entidade que editou o livro aquilo não tinha nada a ver com Manual do terceiro setor (concordam?).Em busca de mais informações abri o livro e, atrás da folha de rosto, havia a informação: Autores: comissão de estudos do terceiro setor... Isso sem falar que o livro não tinha ficha catalográfica... mas isso é outra história.
Agora me digam só: como é que se pode encontrar a informação se as criaturas dizem tudo errado? Manual do terceiro setor não é e nunca vai ser igual a terceiro setor!
Somos profissionais da informação e não adivinhos para encontrar o livro verdinho, fininho...
E pior ainda, não temos de deduzir que um colega nosso quis dizer uma coisa e classificou em outra ou que, por falta de atenção, colocou a CDU e o Cutter errados. Como podemos encontrar a informação se os dados que nos transmitem são falhos e vagos?
Só sendo detetive mesmo para chegar ao final da busca com resultados positivos...

E ainda perguntam se é preciso 4 anos de faculdade para ser Bibliotecário... faça-me o favor...

Até a próxima!