Hoje vou postar mais uma parte do meu TCC sobre marketing.
2.4 Marketing em Unidades de Informação
As bibliotecas
surgiram nos primórdios da história e eram vistas como espaços de preservação
do conhecimento e de reunião do acervo, tendo como preocupação principal manter
a memória e a história dos povos. Eram constituídas, em princípio, por minerais
escritos em tabletes de argila e, depois, por papiros e pergaminhos feitos de
vegetais e animais. Com a descoberta do papel pelos árabes, surgiram
bibliotecas que compuseram seu acervo a partir deste suporte que,
posteriormente, foi transformado em livro.
A primeira
biblioteca que se tem notícias, surgiu em 332 a.C. e foi fundada por Alexandre,
O Grande, na cidade de Alexandria. Nos primeiros três séculos, a biblioteca
chegou a possuir cerca de 700 mil textos que, posteriormente, foram perdidos no
incêndio acidental, em 48 a.C.. Por sete séculos, aproximadamente, entre os
anos de 280 a.C. a 416, a biblioteca de Alexandria reuniu o maior acervo de
ciência e cultura da Antigüidade, sendo fonte de pesquisa para homens de letras
e ciências. Seus pergaminhos eram muito bem organizados e classificados por
assunto, tendo obras de Platão, Aristóteles, Homero, Euclides, entre outros
grandes pensadores e filósofos. O posto de bibliotecário-chefe era muito
almejado e prestigiado e Demétrio de Faléreo foi seu primeiro ocupante.
Inicialmente,
as bibliotecas reservaram suas informações somente aos mais abastados tanto de
conhecimento quanto de riquezas, e com receio de perderem o domínio sobre o
conhecimento que possuíam, elas mantinham seus livros acorrentados às estantes
para que não fossem emprestados ou levados.
Esta prática
permaneceu até o século XVI, quando a biblioteca começou a sofrer alterações,
deixando de ser de cunho particular para se abrir a todos, tendo caráter civil
e legal, o que antecipou o início da democratização da informação para as
demais classes sociais e veio ocorrer no século XVIII. Nota-se, então, que com
o passar do tempo, a biblioteca foi adaptando e modificando seu conceito,
passando de repositório do conhecimento de uma cultura ou civilização para o
conceito de centro de referência ou centro cultural, conceito este que chegou
com o surgimento das bibliotecas dos países anglo saxões no século XIX. Nesta
nova tendência, o objetivo era facilitar e contribuir para o desenvolvimento e
a formação cultural, pessoal e profissional dos indivíduos. Sobre este aspecto, Silva (2000?) comenta que as bibliotecas
deixaram de ser só memórias do passado e arquivos da sabedoria para serem
instituições educativas.
Com a
quantidade de informação aumentando cada vez mais, o volume de dados para se
chegar à informação não coube mais na memória individual, ou seja, na memória
do bibliotecário, passando a ser indicada através de fichas. Com a Revolução
Industrial e a explosão do conhecimento, os dados para este acesso foram
transferidos para os computadores, gerando uma memória eletrônica, a partir da
metade do século XX.
Após este breve
histórico das bibliotecas e antes de dissertar sobre o marketing em unidades de
informação, é necessário estabelecer a definição do que se entende por essas
instituições.
De uma forma
bem popular, o dicionário Aurélio define biblioteca como:
Coleção pública ou privada de livros ou documentos
congêneres, organizada para estudos, leitura e consulta. Edifício, ou recinto,
ou local onde se instala essa coleção. Estante ou outro móvel onde se guardam,
ordenam ou arquivam livros, fitas magnéticas, etc. coleção ordenada de modelos,
rotinas, programas ou dados, para reutilização. Conjunto organizado de
informações a fim, armazenado com o objetivo de consulta ou utilização
posterior. (FERREIRA, 1999, p. 295).
Para Lucas
(2000?), biblioteca é a coleção pública ou privada de livros e documentos
organizada para realizar estudo, leitura e consulta.
Já Silva
(2000?) conceitua biblioteca como uma agência social criada para atender às
necessidades da instituição à qual pertence e serve como um repositório e um
meio de difusão das experiências culturais desenvolvidas. Sendo assim, Lucas
(2000?) e Ferreira (1999) concordam ao definir biblioteca como uma coleção
pública ou privada de livros ou documentos, já Silva (2000?) faz uma definição
mais completa do que vem a ser biblioteca, quando a caracteriza como uma
agência social voltada para atender as necessidades da instituição ao qual está
ligada. Nota-se então que Silva (2000?) já introduz um conceito de biblioteca
mais voltado para a prestação de serviços, deixando de lado a velha idéia de
biblioteca como um simples repositório de livros.
Com a grande
quantidade de publicações geradas, especialmente, após a Revolução Industrial e
decorrente do avanço tecnológico, muitas instituições passaram a ter suas
próprias bibliotecas ou salas contendo documentos referentes à instituição ou a
informações pertinentes ou de interesse daquela empresa.
A denominação “biblioteca” passa
a ser considerada então, como uma idéia muito específica, necessitando a utilização
de um termo mais abrangente que o conceito limitado de lugar, cuja função é
guardar livros e informações. Com as mudanças da era tecnológica e com a
diferente visão sobre as bibliotecas começa a ser utilizada então, a expressão
mais ampla “unidades de Informação”, considerada por Amaral (1996) como toda a
biblioteca, todo centro de informação ou serviço, todo setor de documentação ou
informação de acordo com o campo em que atua ou conforme sua extensão. Neste
trabalho, portanto se dará preferência à expressão unidades de informação,tendo
em vista que este é um termo mais próximo à Ciência da Informação.
Com a
aproximação das bibliotecas com o marketing e em um contexto de transformações
culturais e intelectuais surgiu, no Brasil, em 1977, o trabalho pioneiro da
bibliotecária Maria do Rocio Teixeira Jung, com o título “As técnicas de
marketing a serviço da biblioteconomia” abordando o marketing em unidades de
informação e identificando, dentro do panorama biblioteconômico, os setores que
poderiam ser tratados através do marketing. Este trabalho foi apresentado no 9°
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação e na 5ª Jornada
Sul-Rio-Grandense de Biblioteconomia e Documentação em Porto Alegre, Rio Grande
do Sul.
No início da década de 80, a produção
sobre marketing em unidades de informação intensificou-se e esta valorização do
marketing pôde ser percebida em outras ações. Em 1982, a Associação Brasileira
de Ensino de Biblioteconomia e Documentação (ABEBD) passou a recomendar o
ensino de marketing em nível de graduação. Já em 1985, o Centro de Informação
em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (CCI/IBICT), sentindo o crescente interesse pelo assunto, publicou o
primeiro levantamento bibliográfico sobre o marketing em bibliotecas e sistemas
de informação, contendo resumos sobre o tema.
Percebe-se, por
estes acontecimentos, que a preocupação em introduzir e implementar o marketing
no currículo acadêmico e nas unidades de informação, visando a melhoria da
qualidade na prestação de serviços vem, aos poucos, ganhando espaços e se
estabelecendo como tópico de constante análise e abordagem entre os
profissionais da área. Os novos espaços também começam a ser ocupados com a
preocupação com o marketing de relacionamento, aspecto visível quando se
observa um número crescente de publicações que, especialmente a partir do
início desta década, começam a ser encontradas na literatura específica da área
de Ciência da Informação.
Estes trabalhos alertam para o
fato de que para desenvolver um bom marketing de relacionamento e com excelente
qualidade na prestação de serviços, as bibliotecas não devem ficar isoladas em
seu universo particular. Elas têm que se relacionar com usuários internos e
externos, com unidades de informação e com outros profissionais da área, pois
desta forma haverá intercâmbio de informações e um conhecimento maior e mais
abrangente com relação às mudanças e às novidades dentro da Ciência da
Informação. Oliveira (2003?) afirma que esse relacionamento deve acontecer
através de cooperação e do compartilhamento, já que a utilização da informação
e o usuário são peças essenciais para que este processo ocorra.
O marketing de relacionamento,
quando bem aplicado às unidades de informação, valoriza tudo e todos, ou seja,
valoriza os funcionários que nela trabalham, valoriza o bibliotecário como
facilitador e mediador no intercâmbio da informação e valoriza a própria
instituição como lugar agradável, com serviços e produtos de qualidade
reconhecida, no qual o usuário sabe que é ouvido e se sente como se fizesse
parte da organização. Amaral (1996, p. 3) atesta este fato ao dizer:
A adoção do marketing em unidades de informação é vista como
uma forma de valorizar o profissional da informação, melhorando a sua imagem
mediante o uso aprimorado de técnicas para fazer trocas adequadas, quebrando as
barreiras na comunicação entre as unidades de informação e seus usuários para
melhor satisfazer as necessidades informacionais desses usuários.
Além de
valorizar o profissional e a unidade de informação, o marketing também gera
outras vantagens como a criação, o desenvolvimento, a promoção e a distribuição
de produtos e serviços informacionais voltados unicamente para os usuários.
Dessa forma, tendo o usuário como foco efetivo, a unidade de informação se
volta para a busca de seus serviços, já que serão produzidos visando atender
aos desejos e necessidades do usuário em questão.
Por hoje era isso, até semana que vem.