quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Para quê isso?

          Saudações Biblioteconômicas!!

       Deixo hoje um texto, de minha autoria, que acho válido pensar a respeito. Desejo a todos uma ótima leitura e, se quiserem, comentem.



Para quê isso?

Admito, faz algum tempo que eu não converso com outros colegas da Biblioteconomia, pois minha rotina acaba não permitindo esses encontros. Só para terem uma ideia, tive de deixar aberta a vaga de Conselheira no CRB10 em função disso. Apesar dessa distância , observo que nas vezes em que estive perto ou conversei com um bibliotecário, o resultado foi o mesmo: vocabulário técnico desnecessário.
Certo, nossa profissão possui termos específicos próprios, mas usá-los para mostrar que sabe deles é deselegante. É como se o profissional quisesse mostrar às pessoas que domina a terminologia sem ter uma situação específica para isso.
Não concluam que eu estou criticando os Bibliotecários e suas linguagens técnicas, nada disso, pois eu estaria criticando a mim também. O que eu quero dizer é que devemos saber dos termos de nossa profissão, mas para o trabalho ou algum evento da área. Para quê falar com oura pessoa (bibliotecário) como se estivesse trabalhando em uma biblioteca? Tenho 2 exemplos que ilustram muito bem o que quero dizer:
A estagiária que trabalhava comigo realizou uma entrevista, em grupo, para atuar em uma biblioteca escolar. No final, a entrevistadora perguntou aos candidatos:
“Se eu dissesse para vocês que foram escolhidos para ocupar a vaga, qual seria a primeira pergunta que vocês fariam?”
Tic-tac, o tempo está passando...
Pois é, a estagiária contou que uma concorrente perguntou: “Qual é o tipo de usuário?”
Fala sério. A pessoa já não foi à entrevista sabendo qual era o tipo de biblioteca? Pior que a estagiária acabou fazendo uma pergunta parecida, para não “soar estranho”, mas fazer esse tipo de pergunta é que é estranho.
Analisem bem: o profissional se candidata à vaga sabendo qual é o tipo de biblioteca e pergunta qual é o tipo de usuário? Pareceu-me chover no molhado.
Se eu estou concorrendo a uma vaga e alguém diz que fui selecionada, a primeira coisa que vou perguntar é: Quais são os documentos necessários e o horário no qual tenho de me apresentar no RH. Simples assim. Pois é óbvio que, antes de começar a trabalhar a pessoa tem de levar os documentos necessários para formalizar a contratação e ainda fazer o exame admissional... ninguém sai trabalhando “à la loco” sem antes fazer os procedimentos.
Por isso insisto: para quê perguntar qual o tipo de usuário? Se é uma biblioteca escolar, os usuários serão os alunos, professores, funcionários e mais algum grupo que possa ser determinado pela escola.
Se é uma biblioteca de contabilidade, os usuários serão estudantes e profissionais contábeis e os funcionários da instituição.
Então? Como pode um profissional questionar isso? Talvez na biblioteca escolar frequentem médicos e engenheiros e não estudantes...
O segundo caso ocorreu comigo.
O diretor daqui veio à biblioteca acompanhado de duas bibliotecárias de outro conselho que nada tem a ver com o conselho onde trabalho. Pois bem, apresentei a biblioteca a elas e depois começaram as perguntas. Sério, as perguntas eram tão óbvias que eu nem sabia responder e tentava pensar em uma resposta que não soasse idiota.
Questionar qual o turno de maior frequência tudo bem, até porque as pessoas não têm obrigação de adivinhar isso. Mas perguntar como era feita a compra dos livros, me tirou do sério. Elas são bibliotecárias! Não precisam perguntar isso justamente pelo fato de que elas também compram livros e, se o conselho delas procede como o meu, é tudo igual. Também perguntaram o tipo de usuário
Acredito que essas perguntas são feitas justamente pelo fato de não haver assunto, então só resta falar tecnicamente para mostrar que é profissional da área. É como se o fato de usar termos técnicos conferisse um ar mais profissional à pessoa.
Sabem o que seria interessante perguntar? “Houve alguma situação diferente com algum usuário? Os usuários estão satisfeitos com os serviços oferecidos? O que gostaria de mudar ou acrescentar à biblioteca, etc...”
Acredito que perguntas mais subjetivas são melhores assimiladas e as respostas fluem melhor e mais completas, até porque são assuntos que fogem do comum da Biblioteconomia, apesar de estarem inseridos nela.

          Até a próxima!